domingo, 20 de novembro de 2011

Para onde vamos?

- (...) E aí volto pra cá e volta essa rotina. Saco cheio em apenas algumas horas de ir para aquele lugar nojento e falso. Sinto que cometi um erro muito grande em perseguir isso.

- E se eu te disser que to pensando a mesma coisa? Voltei pros mesmos vícios, procuro as mesmas coisas, e não há como ter controle. Logo, me sinto derrotado, me sinto enjaulado.

- Tem toda uma atmosfera que criamos e que não me parece servir mais, não acha?

- Claro, é só eu lembrar de todos os preconceitos que ouvi essa manhã, aquelas pessoas me empurrando para um monte de besteiras, criando situações que dão círculos em um m
onte de merda. Quer dizer, eu venho para cá e aqui tenho esse conforto todo, mas preferia estar como estávamos há pouquinho tempo atrás: caminhando, carregados, cansados, com sede, com sono, mas procurando o caminho, buscando as informações, perseguindo a vida... não isso.

- Você sabe? Eu concordo contigo. Penso que eu deveria estar vivendo como aquelas pessoas. Largar tudo. Mas largar tudo de um jeito que eu possa me encontrar, de uma maneira em que eu possa ir descobrindo desde o começo o que serve para mim, para você, para nós todos.

- A cidade é horrível.

- É, e talvez seja a hora de começar a deixá-la para trás.



quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Não há horizonte tão distante

- Você já teve um problema uma vez e mesmo indo dormir com a cabeça cheia acordou no outro dia e pensou: "ah tá, entendi, está aqui a solução!"? - Sim, bem, não consigo lembrar de nenhum pontual nesse momento, mas sim, tenho certeza que sim. - Pois então, aí está. É no futuro que você vai poder olhar para trás e conseguir entender os porquês. - ... Você não entende. Não há futuro nisso de apenas digerir, de falar que passou. Eu já encontrei o que eu procurava.



E eu simplesmente não posso deixar ir se o coração me pede toda hora para continuar pulsando. Sim, o ponto disso é você, pois não existe horizonte tão distante do racional, das dores, das loucuras e desse abandono que me faça enterrar uma vida assim, acreditando nas palavras alheias.

Eu sei que nós podemos, aliás, não só nós. Eu sei que uma hora ou outra ao ler vai parecer absurdo, mas absurdos se desfazem tão facilmente que reforço a minha certeza. Nós ainda podemos ser. (Queria poder pegá-la hoje pela mão e demonstrar). Por isso eu espero, não como quem crê em passividade como solução nem como uma pedra jogada em um rio (o sangue ainda é quente), mas como um ato de repetidos esforços, de busca por palavras inteiras, do cara a cara, de verdades, do que merecemos descobrir.

Também não posso continuar o diálogo, amigo... eu espero quem um dia me deu uma vida e não jogou dessa maneira. Pois mesmo com todos os erros sendo talvez talhados em madeira, ainda é apenas madeira, e mesmo que possa não fazer sentido na ventania desse dia gelado, não é a ultima gota de sangue, nem é eterna a tempestade.

Eu ainda estou aqui; eu ainda estou aqui não porque gosto da humilhação, não porque gosto da frustração, de ilusões ou de funerais, mas porque sinto que amar é um 'não querer mais do que bem querer'. E assim é, assim te quero, bem. Como precisamos dessa chance! Confie dessa vez!

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Mas recorri à você.

Não teria uma palavra de carinho; mas recorri à você.

Há um furacão dentro do meu coração que vai levando as coisas internas para os ares. É perfeito ver tudo isso sendo deixado para trás. Eu quero um olhar apurado do que faço questão que se vá em mim. Fui um envenenado e esse vento é um aprendizado. Um aprendizado que não só faço questão de escrever nas linhas tortas do caderno, mas que luto com a mão em punho, socando a mim mesmo aquilo que nem tal força pôde levar. É o que me resta para desapegar e enterrar um vício que cometi há muito tempo: não soube cuidar de nós.

Pela primeira vez nessa grande confusão eu cheguei ao chão sujo, imundo, indiferente, ingrato... e me vi refletido como se fosse meus próprios erros matando-me com a desgraça de perder uma vida, de aterrorizá-la e de fatigar o calor mais tenro que já tive. Também é o tempo em que as transformações vividas nesse escuro assutador só podem ser provadas à mim mesmo.

Mas, como é frio o que eu tenho agora. É o mais próximo do vazio e do fim de tudo que já pude sentir. É o abandono.