domingo, 28 de outubro de 2007

Elogio ao ócio.

"Suponhamos que, num dado momento, uma certa quantidade de pessoas está empregada na fabricação de alfinetes. Elas produzem todos os alfinetes que o mundo necessita, trabalhando, digamos, oito horas por dia. Então surge um invento com o qual as mesmas pessoas podem produzir o dobro da quantidade de alfinetes que produziam antes. Mas o mundo não precisa de duas vezes mais alfinetes: eles já são tão baratos que dificilmente se comprarão mais alfinetes por causa da baixa dos preços. Num mundo sensato, todas as pessoas envolvidas na produção de alfinetes passariam a trabalhar quatro horas por dia, em vez de oito, e tudo mais continuaria como antes. Mas, no mundo em que vivemos, isto seria considerado uma desmoralização. Permanece a jornada de oito horas, sobram alfinetes, alguns empregadores vão à falência e metade dos homens antes alocados na fabricação de alfinetes perde seu emprego. No final, a quantidade de lazer é a mesma de antes, porém, enquanto metade das pessoas está totalmente ociosa, a outra metade é submetida ao sobretrabalho. Dessa forma, assegura-se a crença que o inevitável lazer causará a miséria por toda a parte, em vez de ser uma fonte universal de felicidade. Pode-se imaginar coisa mais insana?"

RUSSELL, Bertrand. "O Elogio Ao Ócio" pg.28, 1935.

Talvez em 1935, ele não pudesse mesmo ainda imaginar as "melhores táticas disfarçadas" de produção que viriam depois.

2 comentários:

fabi disse...

vou ler!
tudo oque eu queria era o ócio agora...tudo!

Isabelle Aguiar disse...

Acho que a taxa de alfinetes produzidos não são suficientes, visto que em casa não tem alfinete.
Acho que eles deveriam trabalhar por dezesseis horas, pra eu ter quatro vezes mais alfinetes em casa!
Hauhehuahuehuauhea