je me place dans la position de l'observateur qui, d'un point surélevé domine toute la scène.
Já é passado de uma da manhã, faz quase duas horas que o sono fez questão de prevalecer em seu corpo, mas, mesmo com todo o poder lhe concedido, o tratou com desprezo. Ele se bate na grande cama, procura uma posição confiável para o descanso, pois sabe que o amanhecer vem à sua janela como veio nas horas anteriores ao sono o imprevisto, mas conveniente encontro. O que ia se construindo e acomodando-se lentamente no merecido descanso, agora sofre um espasmo repentino. O cachorro late como nunca tinha feito antes, ninguém entende a agonia presente, as únicas pistas se revelarão junto ao sol. De toda forma, alguma agitação toma conta, e nem mesmo um observador conseguiria adentrar à uma mente entregue à inquietação, por isso tudo se deve aos detalhes para compreendermos:
Já é passado de uma da manhã, faz quase duas horas que o sono fez questão de prevalecer em seu corpo, mas, mesmo com todo o poder lhe concedido, o tratou com desprezo. Ele se bate na grande cama, procura uma posição confiável para o descanso, pois sabe que o amanhecer vem à sua janela como veio nas horas anteriores ao sono o imprevisto, mas conveniente encontro. O que ia se construindo e acomodando-se lentamente no merecido descanso, agora sofre um espasmo repentino. O cachorro late como nunca tinha feito antes, ninguém entende a agonia presente, as únicas pistas se revelarão junto ao sol. De toda forma, alguma agitação toma conta, e nem mesmo um observador conseguiria adentrar à uma mente entregue à inquietação, por isso tudo se deve aos detalhes para compreendermos:
O corpo pára e se concentra nos latidos, enquanto mil possibilidades são processadas. Mas o cão também cansa, a noite ainda é grande para aproveitar o sentido do descanso. Não fosse o estrondo vindo da rua, teria chance ele de ignorar o que parecia prenunciado. O barulho não veio só, seguiu-se um clarão já observado prontamente pelos olhos que despertaram e sentiam-se aplicados em fazer parte de fatos maiores que apenas um colchão e uma vontade. Ao se voltarem para o externo, os olhos perceberam a escuridão que ganhava alguns brilhos com faróis de automóveis, e, ao mesmo tempo, os olhos pediram algumas linhas e o corpo se fez em palavras. De súbito, as mãos alcançaram o livro na cabeceira e o que estava por vir, surpreendeu até mesmo os fios de cabelo já bagunçados pela movediça dança em busca do sono real:
Página 27, Eduardo Galeano, “Mulheres”.
A Noite/1
Não consigo dormir. Tenho uma mulher atravessada entre minhas pálpebras. Se pudesse, diria a ela que fosse embora; mas tenho uma mulher atravessada em minha garganta.
Quando o corpo paralisou, a mente logo se impôs como a verdadeira força da cena. Sabia-se que a ultima semana não tinha levado embora toda a ansiedade vivida. As poucas palavras do texto fizeram um efeito estranho, esquivo, pela não habitualidade da situação. Por que as personagens vêm e vão? Bom, não foi difícil descobrir. Mas por que ele sente-se maduro ao desejar uma em especial? ...
Lamentou por oportunidades perdidas de ao menos fortificar a aproximação da incógnita. Ela não podia, tinha seus problemas e seus horários de sono não chegavam a um acordo. Nada deu muito certo, a ansiedade havia ganhado e nesse momento ela se pronunciava, pois, tudo estava em dobro: a velocidade, a intensidade, a crueza e o discernimento dos pensamentos se embaralhavam. Quisera o corpo que esse embaralho se fizesse como na mão de um mágico e ali surgisse a carta esperada para a próxima jogada. Mas não, nada parecia muito real, e tampouco fictício. No meio da algazarra, recordou-se de um artigo de uma revista de filosofia que deu nova vida às imagens do filme “Closer”. E aí duvidei uma vez mais se esse homem descoberto e todo torto na cama não acordaria de uma fantasia, apenas. Mas fez um esforço, e aqui de cima, consegui perceber.
Deixou penetrar em sua mente as palavras dela que só pode ouvir pelo telefone e sorriu. Não se iludiu, concentrou-se no que o som da voz representou para ele, e também, não sorriu inocente, já sabia dos problemas. Aplicou então ensinamentos da sua profissão: a história é toda ação do homem sobre o meio em que ele vive, suas ações definem o presente e projetam o futuro. Sim, ele pensou num futuro, porém não sentiu-se forte o suficiente, queria poder mais, queria clarear mais sobre sua única razão de ter perdido um pouco do sono. Sem mais delongas, logo dormiu, mas dormiu sem saber.
Lamentou por oportunidades perdidas de ao menos fortificar a aproximação da incógnita. Ela não podia, tinha seus problemas e seus horários de sono não chegavam a um acordo. Nada deu muito certo, a ansiedade havia ganhado e nesse momento ela se pronunciava, pois, tudo estava em dobro: a velocidade, a intensidade, a crueza e o discernimento dos pensamentos se embaralhavam. Quisera o corpo que esse embaralho se fizesse como na mão de um mágico e ali surgisse a carta esperada para a próxima jogada. Mas não, nada parecia muito real, e tampouco fictício. No meio da algazarra, recordou-se de um artigo de uma revista de filosofia que deu nova vida às imagens do filme “Closer”. E aí duvidei uma vez mais se esse homem descoberto e todo torto na cama não acordaria de uma fantasia, apenas. Mas fez um esforço, e aqui de cima, consegui perceber.
Deixou penetrar em sua mente as palavras dela que só pode ouvir pelo telefone e sorriu. Não se iludiu, concentrou-se no que o som da voz representou para ele, e também, não sorriu inocente, já sabia dos problemas. Aplicou então ensinamentos da sua profissão: a história é toda ação do homem sobre o meio em que ele vive, suas ações definem o presente e projetam o futuro. Sim, ele pensou num futuro, porém não sentiu-se forte o suficiente, queria poder mais, queria clarear mais sobre sua única razão de ter perdido um pouco do sono. Sem mais delongas, logo dormiu, mas dormiu sem saber.
4 comentários:
eu ia dizer, nossa que texto bom, mas não é para apenas elogiá-lo porque realmente é bom. o fato é que o texto não é seu, então o que eu posso dizer? parabéns pela escolha.
me identifiquei muito.
ps.: odeio emprestar livros e preciso devolver o seu do Tolstoi.
Um abraço meu amigo.
Saudades
belas palavras...
o fato que o texto não é meu? :o
é meu sim :/ hahah
obrigado Marii!
A imagem do inicio do blog é alguma passeata no ano de 1968??
Postar um comentário