Imagine-se saindo de casa com uma bicicleta que pesa uns 30 kilos e tem o pneu um pouco vazio. No caminho, há as certezas de encontrar ladeiras e descidas, assim como pouquissimas planícies, que somente crescem na sua imaginação. O caminho parece mesmo difícil, mas ele não se compara à dificuldade de saber que existe uma bicicleta perfeita para cruzar o mesmo percurso; uma que te dá forças, apoio e é menos propensa à quedas.
Ela existe e está lá, na sua garagem, mas as paredes são de concreto maciço e você não tem a chave da pequena porta. E assim são os relacionamentos: cada qual sai de casa com uma bicicleta horrível, carregada de fantasias macabras, interesses impetuosos e desejos estupidos.
É uma visão mesmo assustadora, mas não se pode negar o fato que existem outras pessoas que possuem uma chave que cabe em sua garagem. O grande problema é que dificilmente elas se encontrarão no mesmo espaço e no mesmo tempo para desfrutarem de uma nova alternativa para enfrentar o caminho que todos nós temos. Enquanto uns vão, outros voltam.
As lágrimas não querem se mostrar, pois tem vergonha da briga em que se encontram. A analogia e tudo que aprendemos juntos não superam a tristeza de não fazer mais nada mexer em ti. Talvez o peso.