segunda-feira, 7 de julho de 2014

Não é só pela pobreza

É melhor não enumerar, nem pensar em uma lista ou relatar com precisão o que os ventos trazem. Você vai, vai para frente, não olha para trás, tropeça; mas enxuga as lágrimas que se misturam ao sangue das pernas. 

Talvez mais uma distração, talvez um pouco mais do mesmo, um sentimento de repetição infinito que incrivelmente se conecta às esperanças. Indefinidas esperanças, indefinida dose de não saber o que é que deve-se esperar, mas espera; e procura em pequenos traços de conforto o que a mente já produziu algum dia. 


E então fui ler suas ultimas palavras; tu é o abraço favorito, a risada mais escandalosa, as piadas mais preciosas, o sarcasmo mais ácido, a saudade maior ... ou apenas a minha guerra interna de não saber respeitar as partidas? Já não sei; não é solidez, tampouco é ausência ... Até eu ver que fazem já quatro meses que espero o resultado de suas ultimas linhas.

Em oposto, o passo foi para o lado. Nem pra frente, nem pra trás. São lados. Para uns, é mais fácil decidir, é mais fácil deixar morrer e partir. Pouca coisa nesse mundo é sentida da mesma forma. E é verdade, a leveza se dispersa.


Não é só pela pobreza ou desespero. 
É com carinho que lembro de ti, Teresa.

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Desencanto

Não há muito o que se pensar de sensações que confundem o resultado final. Você não está mais aqui, eu não tenho a mínima vontade de voltar onde estava há pouco, mas... o que foi tudo isso? E porque algumas coisas não se vão?

Não há razões em insistir em perguntas, conhecer e desencontrar-se é um ciclo comum em vida. É incontrolável que os momentos de encontro acabem, mas há uma dificuldade de compreensão quando não há tempo de lidar com a velocidade, intensidade e o peso das coisas. As projeções rodeiam não somente planos viáveis e práticos de futuro próximo, mas também mexem com projeções do que poderíamos ser e deixaríamos de ser.

Não há respostas além do desencanto. É a perda e não a chegada de um novo momento que nos deixa preso. Pode-se visualizar um limbo sem esperanças, mas ao mesmo tempo, apostar em novas sensações. Novos desencantos. "Não é surpresa o produto não cumprir a promessa, pois a vida é assim mesmo e todos nós estamos acostumados ao que é falso."
 


quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Alguma coisa que persiste




- O que há para se entender desses dias tão lotados? do "futuro que já não tem futuro", da deserção das linhas desenhadas para uma vida?
- Entenda que há alguma coisa que persiste.
- Do que você fala?
- Falo de um rastro de pólvora que liga o que em cada evento não se deixa disciplinar.
- Onde vamos com isso tudo?
- Todo mundo sabe. É aceito com um ar pesado ou orgulhoso. Tudo isso vai explodir.
- A guerra está dada faz um tempo, não? Esses dias significam a aceitação de que não há bandeira branca leve o suficiente para nossas mãos, não acha?
- Certo. E não é mais tempo para prever desmoronamentos nem para demonstrar felizes possibilidades. Que venham cedo ou tarde, é necessário se preparar.

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Um

A percepção do meu próprio desinteresse e de que posso deixar de desejar-te a cada segundo, como acontece incessantemente nas ultimas estações, não é sobre olhar para ti com ódio ou amargura, não é sobre menosprezo ou de que a importância se foi; mas é de olhar a vida e a esperança de amor de outra forma. Uma que inclua a retomada dos poderes de decisões e a retomada da construção das possibilidades.

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Não dessa vez

Nem dessa e talvez nunca. Não há o que entender quando tudo está em outro e a distância é/foi de quilômetros nas vontades. Tem um limite quando agimos de forma a criar caminhos separados com alguém. "Ei, eu te empurrei para aquele lado e eu vim por esse, mas eu sei o que você passou". Não. Não faz sentido e não faz bem dizer que sabe, que compreende, que viu, que já passou pelo mesmo. Você não vai entender o que fez se a direção foi o silenciamento e o desempoderamento de sentir-se vivo para o outro. Sim, nós todos cometemos erros e má decisões nos destroem depois de um tempo; mas se ignoramos alguém de forma tão direta, independente do que tenha havido, voltar e dizer que entende tudo te faz uma pessoa pior, pois se entendesse, teria agido de outra forma, simplesmente. E se não agiu, nem ao reencontro, não faz bem aos ouvidos de quem escuta e não lhe dá créditos.

Porque nos acostumamos à essa besteira de agradar inventando o que não sabemos? Esse sentimento de pertencimento e de proximidade pode ser o inverso do que se propõe.

quinta-feira, 4 de julho de 2013

Assim é.



A continuação na insistência do controle e do encaixe das peças poderia lhe agradar, se estivesse em posição de aceitar pequenos luxos. Ainda assim ele não se tornaria razoável e cometeria intencionalmente alguma inconveniência, apenas por ingratidão.

Assim é o tempo.

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Janela

Um dia acordou 40 minutos antes do despertador, abriu a janela e sentiu um vento gelado batendo no peito. Fechou os olhos e sentiu o pulso cair num ritmo descompassado e silencioso. Foi nesse momento onde percebeu claramente que ninguém poderia compreender a dor que passou. E compreender o que? Compreender pra que? As dezenas de meses em que deitou-se com a cabeça e o coração todo nela e a alma vazia, tornavam impossível que houvesse outra constatação, senão essa. Pensou que se alguém duvidasse ou ela duvidasse, não que a dúvida fora do universo importasse, teria uma resposta pronta: O vento frio estaria impedido pelo vidro e o seu rosto adormecido em seu peito, por apenas mais uma noite, destituiria a insônia. A janela fechada asfixia, mas a janela aberta só recebe a dor.

30/11/2012

terça-feira, 21 de maio de 2013

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A maneira com que me relaciono com qualquer linha constante que supostamente deva ser traçada para a continuidade do ser é esquecendo-as no meio do caminho.