Confesso não ter um mapa ou um lembrete da
minha cabeça para me colocar em sintonia com as épocas das frutas. É a
época de eleição, eu me prestei ao serviço, já estava mesmo de todo
perdido. Mas voltando ao princípio, sem jogo político, recebo um convite
para buscar abacates. Estão em abundância, caindo aos montes. Antes do
possível, uma árvore inacessível, completamente carregada, um
sofrimento escusado: "não há o que possa ser feito, não serei acusado".
Terei a minha chance. A guacamole sempre
mágica ou um creme batido com melado de cana, já penso em sabores, em
abrir a casca com jeito, em pequenos prazeres.
Bato palmas no portão e, em um segundo penso há quanto tempo não usava
as mãos nessa função. Vem os cachorros pulando, gatos chegando e aceito
um chá; é mais do que óbvio. Escutamos alguns discos, eu sou
apresentado ao terreno, vaso a vaso, árvore a árvore. Um pote com terra
da compostagem guarda mudas que descubro ganhar; tem até alho poró.
Aceito então o pão integral e a torta de banana, passada do ponto apenas
nas bordas, ali onde o sabor transborda.
Comentamos política, citamos os rachados, os problemas comparados, olhamos nos olhos e sejamos sinceros: estampamos na cara nossas próprias falhas. Então abrimos alguns livros, transportamo-nos pro além, já penso em muitos alguéns e a tarde passa como horas que não pertencem a ninguém.
Despedimo-nos com sorrisos, afinal são verdades indiscutíveis, se estamos ainda vivos é pelos pequenos momentos incríveis.
O abacate eu acabei esquecendo. E é engraçado que continuo escrevendo pra exercitar a memória, pra não terminar mal a história. Mas eu esqueci; com o perdão das péssimas rimas, de toda forma, sorri.
Comentamos política, citamos os rachados, os problemas comparados, olhamos nos olhos e sejamos sinceros: estampamos na cara nossas próprias falhas. Então abrimos alguns livros, transportamo-nos pro além, já penso em muitos alguéns e a tarde passa como horas que não pertencem a ninguém.
Despedimo-nos com sorrisos, afinal são verdades indiscutíveis, se estamos ainda vivos é pelos pequenos momentos incríveis.
O abacate eu acabei esquecendo. E é engraçado que continuo escrevendo pra exercitar a memória, pra não terminar mal a história. Mas eu esqueci; com o perdão das péssimas rimas, de toda forma, sorri.
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